Artigo Técnico Antracnose. OlivoPampa

Fonte:Artigo Tecnico OlivoPampa

Antracnose

(Colletotrihum gloesporiodes ou Colletotricum acutatum)

Uma ameaça a qualidade do azeite

Denominação dada a alguns fungos da classe Ascomicetes

Estes fungos ocasionam podridões, perda de peso e queda dramática na qualidade dos azeites produzidos: alta acidez e defeitos organolépticos.

A antracnose está se revelando como um dos principias fatores limitantes da qualidade dos azeites produzidos no Brasil. Também conhecida com os nomes de “ lebbra” (Italiano), “aceituna jabonosa” ou azeitona “sabonosa”, etc.; está presente na maioria dos países onde se cultiva a oliveira sendo particularmente agressiva nos climas úmidos.  Sua incidência varia segundo a susceptibilidade varietal, condições de clima favoráveis e a virulência da população do patógeno.

Inicialmente esta doença foi denominada como Gloeosporium olivarum reclassificada posteriormente por Von Arx como Colletothricum gloeosporioides. Recentemente o infestante foi detectada uma nova espécie ligeiramente diferente: Colletothricum acutatum que apresenta as conidias pouco mais agudas que as da espécie Gloeosporiodes.

  1. Ianotta et al da Accademia Nazionale dell’ Olivo e dell’ Olio. Spoleto, Italia; relatam que esta doença e muito importante e presente na região meridional da Itália: Calábria e Sicília. A doença se manifesta diferentemente de acordo ao clima presente a cada ano. Regredindo nos anos secos. Os maiores sintomas ocorrem nas regiões planas e nos fundos dos vales, onde há maior umidade. Folhas severamente infectadas manifestam uma clorose aguda como consequência de infeções que ocorrem desde o final de inverno até início da primavera

Nota-se que na safra 2015-2016 do Rio Grande do Sul estamos sendo afetados por uma epidemia, consequência do clima úmido decorrente de maiores precipitações ocasionadas pelo fenômeno do “ Ninho”.

Sintomatologia:

Podridão, mumificação das azeitonas/frutos; dessecação e queda de folias. A doença e mais evidente no período do envero (final do verão), o seja no processo de mudança de cor quando os frutos estão madurando. Ocorrem lesões necróticas, deprimidas e redondeadas, ocasionando podridões parciais ou totais das azeitonas. Os frutos podres sofrem um processo de desidratação.  No fruto, a doença pode aparecer em qualquer parte, mas tende a prevalecer na parte apical pois é a região do fruto onde fica a umidade localizada por mais tempo. As azeitonas muito afetadas presentam necrose em todo o fruto. Também ocorre que os pedúnculos da fruta sofrem infestação do fungo, ocasionando a queda deles. A doença afeita os frutos em forma de anéis concêntricos onde e produzida uma substancia gelatinosa de cor roxo-laranja que posteriormente se torna parda. De ali o nome de azeitona “sabonosa”. Um outro síndrome e o dessecamento das ramas e a queda de folhas que ocorre em decorrência da produção de toxinas responsáveis da de foliação de ramos afetadas. Ocorre uma de-foliação, dessecação e morte apical das ramas o que ocasiona debilidade nas arvores afetadas.

Epidemiologia

O ciclo vital do Colletothricum spp. sobre a oliveira não está totalmente conhecido (Antonio Trapero & Miguel Angel Blanco. “El Cultivo del Olivo pagina 630, Capitulo Enfermedades 2008”). Há certas divergências sobre a forma de propagação da doença:

Mateo Sagasta (1968) indicou que o fungo pode sobreviver desde o inverno até o seguinte outono, nas azeitonas mumificadas que caem ao solo. Estas passam a ser a fonte de inoculo primário para as infeções futuras. Outros pesquisadores como Tjamos, et al. (1993) consideram que o fungo sobrevive nos frutos mumificados sobreviventes na arvore. Os frutos que caem ao solo e não são recolhidos, são destruídos pelos insetos, pássaros ou outros invasores secundários, ou enterrados durante os tratos culturais. Assim eles não participam na geração de novo inoculo. Nesta segunda hipótese, o fungo poderia prevalecer nas folhas, latente, até o final da primavera ou princípios de verão, originando infeções nos frutos jovens, como ocorre em outras manifestações da doença em outras espécies de frutais. Estudos recentes na Espanha concluem que as inflorescências e ramas podem ser infestadas ocasionando necrose nas flores e na redução da “pegada” floral, não se desenvolvendo a síndrome de dessecação das folhas e ramas o que somente ocorre em ramas onde os frutos foram atacados e devido a toxinas produzidas pelo patógeno nos frutos afetados (Moral et al. 2007).

Nas regiões onde a doença se manifesta nas folhas e ramos, como no sul da Itália, o fungo sobrevive nos ramos infectados e pode produzir inoculo durante tudo o ano. (este e um fato que ocorre no Brasil). Trapero e Blanco descartam que os ascósporos procedentes da reprodução sexual do fungo, sejam fonte de inoculo ao serem dispersados com facilidade pelo vento. Pois não foram observados estádios sexuais em condições naturais nas especies: Glomerella cingulata ou da Glomerella acutatum.

“ Similar ao “ Repilo”, esta doença e totalmente dependente da alta umidade. A esporulação requer uma umidade elevada (>90%) para ocorrer. A chuva e necessária para separar as conidias da massa gelatinosa dos acérvulos e sua dispersão nas gotas de agua. Também é necessário que exista agua libre (chuva, orvalho) na superfície dos frutos para que germinem as conidias. O fungo penetra nos frutos intactos ou nas feridas de outros agentes com insetos, etc.

 

 

 

Manejo e Controle

E importante adotar táticas de controle integrado como médio eficaz de controle.

Para tornar o manejo e controle efetivo, e necessário adotar medidas que favoreçam a ventilação das arvores como podas bem executadas.

As plantações realizadas a altas densidades em regiões úmidas favorecem a dispersão da doença assim como adubação desequilibrada com excesso de Nitrogênio.  (Roca et al., 2005; Trapero,2003).

A eliminação dos frutos mumificados e adiantar a colheita e também e uma pratica desejável. Moral & Trapero também sugerem uma adequada adubação com cálcio para diminuir a incidência da doença.  A deficiência de Cálcio e comum nas plantações do Brasil.

A mistura de fungicidas protetores como Ditiocarbamatos (Mancozeb,etc), Cúpricos com fungicidas orgânicos sistêmicos como os Benzimidazois, Triazois, Stobilurinas, etc. são comuns devendo ter o máximo cuidado nas aplicações no período de pre-colheita para evitar os resíduos nos azeites produzidos. Alguns destes tratamentos são também recomendados para o controle do Repilo. Os fungicidas cúpricos têm o efeito adicional de neutralizar as toxinas geradas pelo patógeno.

Particular atenção devera se ter para evitar o uso maciço de fungicidas de uma mesma família e ou modo de ação para evitar a criação de resistência dos fungos aos fungicidas utilizados.

Moral e Trapero, classificaram e dividiram alguns cultivares de oliveira pela sua susceptibilidade a doença em três categorias:

  • Altamente susceptíveis: Hojiblanca, Lechin de Sevilla, Manzanilla de Sevilla,
  • Moderadamente susceptíveis: Arbequina, Arbosana;
  • Resistentes: Frantoio, Koroneiki, Leccino, Picual;

 

 

Bibliografia:

  • Trapero, A. M. A Blanco. “Enfermedades” Diego Barranco, Ricardo Fernandez-Escobar, Luis Rallo. Madrid. El Cultivo del Olivo. 6ta edicion revisada. Co-edicion Junta de Andalucia e Mundi- Prensa Espanha 2008. Paginas: 595-656;
  • Maria Grompone, Jose Villamil. Aceites de Oliva de la Planta al consumidor. Editorial hemisfério sur e INIA , Uruguay.
  • Ianotta, G. Loconsole et al. Accademia Nazionale dell’ Olivo. Spoleto. Collana divulgativa dell’ Accademia. Volume XIII.

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