Brasil na rota de produção de azeites de qualidade

 

Brasil na Rota de Produção de Azeites de Qualidade

Com o início da produção de novos olivais em duas regiões: Serra da Mantiqueira (MG e SP) e Rio Grande do Sul, há aproximadamente 8 anos, o Brasil ingressou no mundo da olivicultura.

Surpreendente foi que nos principais “terroirs” brasileiros, embora algo diferentes das áreas tradicionais para o cultivo de oliveiras, foi possível produzir azeites de qualidade.

Em termos gerais as regiões brasileiras, onde está implantada a olivicultura, possuem climas subtropicais e temperados o que resulta em:

  • Maior umidade, em alguma das estações, se comparamos com outras regiões do Mediterrâneo. Este fator pode incidir negativamente na polinização (primavera) e na ocorrência de algumas doenças e pragas (durante o ano). Em contrapartida, algumas importantes doenças e pragas presentes no Mediterrâneo e em outras regiões produtores, não estão presentes no Brasil, incidindo positivamente na qualidade das azeitonas. É o caso da mosca da azeitona ou Bactrocera Oleae
  • Os solos no Brasil são diferentes dos solos das regiões de maior concentração da olivicultura, precisando de correção antes e depois da implantação dos olivais. A nutrição das oliveiras é um fator importante; Os excessos e carência dos nutrientes no Brasil são diferentes aos das regiões do mediterrâneo, precisam-dose de pesquisa e difusão de resultados locais.

Alguns fatores críticos para o sucesso da cadeia oleícola:

  1. Produção de azeitonas de qualidade, isenta de danos e resíduos indesejáveis;
  2. Processos de extração que garantam a melhor qualidade dos azeites produzidos.

Depois de alguns anos, alguns produtores estão se destacando por produzir qualidade em decorrência da adoção de práticas que conseguem superar algumas limitações locais.

Há diferencias significativas a favor dos bons azeites brasileiros se comparados com grande parte dos azeites comerciais importados, produzidos industrialmente chamados também de clássicos. Na realidade trata-se de dois produtos diferentes, embora vendidos com a mesma denominação de Extra Virgens…! Os parâmetros químicos estipulados pelo COI (Conselho Oleícola Internacional) são amplos demais dando espaço para que azeites quimicamente aptos possam em alguns casos, ser desclassificados através de avaliações sensoriais. Entre os maiores defeitos sensoriais, temos: cheiro de mofo, avinado rançosos, etc. Os azeites genuinamente classificados como Extra Virgens, não podem ter defeitos sensoriais. As maiores diferencias entre os azeites Industriais, Clássicos e os Extra Virgens, estão nos aspectos sensoriais. Um azeite classificado como Extra virgem tem notas de frutado, amargo e picante e não possui defeitos sensoriais. Estas diferenças sensoriais são maiores em azeites de qualidade, produzidos por olivicultores que cuidam bem da sanidade de seus olivais e colhem oportunamente (mais cedo que tarde), processam as frutas logo depois de colhidas, idealmente em lagares localizados dentro do olival. Um menor tempo entre colheita e extração, além dos cuidados com temperatura, tempo de batido, etc. durante a elaboração dos azeites; permite um resultado final de qualidade, com especial destaque aos olivicultores que processam dentro ou próximos do olival.

Os azeites importados: Clássicos, são em sua grande maioria, azeites produzidos a partir de azeitonas maduras (com teor de polifenóis bastante inferior), muitas delas infestadas com a fungos de incidência tardia e algumas pragas como a mosca da azeitona, de ampla difusão nas regiões produtoras. Esta última é ausente no Brasil. O dano desta praga cria um deterioro prematuro do fruto construindo tuneis, oxidando o azeite que elas possuam, antes mesmo da colheita. Estas frutas dão origem a azeites defeituosos com alta acidez ou que se encontram no limite de sua real classificação.  

O Brasil destaca-se como um grande importador de azeites, desafortunadamente muitos deles de baixa qualidade. Os azeites importados, são transportados ao Brasil expostos a condições adversas. Chegam ao destino fora da classificação original, auto denominando-se como Extra Virgens no ponto de venda.  Salientamos que muitos dos olivicultores fornecedores de grandes lagares industriais nos países produtores são pagos pelo rendimento grasso e não pela na qualidade. Há também necessidade de mencionar as limitações da entidade fiscalizadora (MAPA) em controlar devidamente a qualidade dos azeites vendidos. Os azeites importados fora de classificação, tem a maior fatia do mercado e lamentavelmente são um fato corriqueiro que dá origem a uma concorrência desleal pois eles são vendidos fora de classificação, com a mesma denominação dos genuinamente Extra Virgens, a preços diferentes.

O consumidor brasileiro, ainda leigo com relação à qualidade, compra pelo preço azeites no limite da qualificação ou desclassificados, acreditando que está levando qualidade. Este fato, origina confusão pois ele ainda não reconhece que são dois produtos diferentes. Também podemos destacar a distorção originada pelos subsídios e menores impostos nos países de origem. 

Cientes de todo o exposto anteriormente o desafio da olivicultura e extração de azeite de Olivopampa foi a de produzir azeites de alta qualidade, genuínos e bem classificados num mercado onde predominam os azeites defeituosos e desclassificados. Para chegar este ponto, foi necessário um processo de reeducação e formação dos gestores da empresa, em diversos aspectos da olivicultura e elaiotecnia (campo e fábrica) em diversos centros de prestigio internacional. O processo produtivo se inicia nas mudas, preparo dos solos, implantação, desenvolvimento dos pomares para tornar eles fonte de qualidade. Além de um processo moderno de extração seguindo as mais modernas técnicas de extração por centrifugação. O desafio hoje é o de reeducar ao consumidor para entender o que é qualidade em azeites caminho muito similar ao caminho que o vinho transitou para valorizar a qualidade.